Estudo sobre o Credo Atanasiano

Pastor Jacson Junior Ollmann

O CREDO ATANASIANO

Esse “Credo” foi atribuído a Atanásio bem depois da sua morte. Atanásio foi o grande defensor da divindade de Cristo e da Trindade na igreja primitiva. Escrita contra os hereges chamados arianos. Sua origem é incerta, assim como a data e local da sua escrita. O Credo Atanasiano é mais um tratado teológico do que uma confissão de fé, devido ao seu conteúdo explicativo. Por isso, vale a pena ler, estudar e porque não confessá-lo!

Esse Credo é conhecido como Symbolum Quicunque (Símbolo Quem Quiser) devido ao fato de seu texto, em latim, iniciar com as palavras Quincunque vult salvus esse… (Quem quiser ser salvo…).

O TEXTO:

Aquele que quiser ser salvo, antes de tudo deverá ter a verda­deira fé cristã.

Aquele que não a conservar com a totalidade e pureza, sem dúvida perecerá eternamente.
Essas frases podem ser chocantes para alguns! Abre uma janela para questionamentos, pois fala sobre salvação como consequência do “ter a verdadeira fé”. Isso significa que tem mais de uma fé? Se existe fé verdadeira, há também falsa fé!

Efésios 2.8: Pela graça vocês são salvos, mediante a fé. Esta fé é a verdadeira, total e pura.

Podem existir 2 tipos de fé

1º) A fé pessoal, a partir do que “acho ser o correto”. É uma fé do coração – da vontade humana. Esta fé é subjetiva e instrumental. Fides Qua – fé com a qual se crê. (baseada em princípios próprios)

2º) Posso crer no conteúdo da fé (doutrina), independente do que está em meu coração ou que parece ser lógico e racional. Esta fé é objetiva porque tem um alvo estabelecido. Fides Quae – fé que se crê. (baseada em princípios apresentados por Deus)

Mas que fé é a verdadeira?

E a verdadeira fé cristã é esta, que honremos um único Deus na Trindade e a Trindade na Unidade, não confundindo as pessoas nem dividindo a substância divina.

Qual é a definição correta de Trindade?

(   ) Deus é único, porém age de três maneiras diferentes: como Pai, como Filho e como Espírito Santo.

(   ) Há três pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. Todas são iguais em poder e divindade e manifestam-se como Deus.

(   ) Deus é um  ser único e indivisível. Mas, ao mesmo tempo, é três pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo, iguais em poder e glória.

TRI + UNIDADE = Trindade ou Triúno.

 Pois uma é a pessoa do Pai, outra a do Filho e outra a do Espírito Santo; mas o Pai, o Filho e o Espírito Santo são um único Deus, iguais em glória e majestade eterna. Qual o Pai, tal o Filho, tal o Espírito Santo.

Três Pessoas: Mateus 3.16-17 (Batismo de Jesus); Mateus 28.19

Um só Deus: O Pai (1 Coríntios 8.6); o Filho (1 João 5.20); o Espírito Santo (Atos 5.3-4)

O Pai é incriado, o Filho é incriado, o Espírito Santo é incriado.

Incriado = que não foi criado. (Gn 1.1-3; Jo 1.1-3,14 – são eternos)

O Pai é incomensurável, o Filho é incomensurável, o Espírito Santo é incomensurável.

Não pode ser compreendido plenamente, investigado ou medido. (Romanos 11.33)

O Pai é eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno.

Sempre existiu e existirá. (Salmo 90.1,2)

Contudo não são três Eternos, mas um único Eterno.

Do mesmo modo não são três Incriados, nem três Incomen­suráveis, mas um único Incriado e um único Incomensurável.

Da mesma maneira, o Pai é todo-poderoso, o Filho é todo­-poderoso, o Espírito Santo é todo-poderoso; contudo, não são três Todo-Poderosos, mas um único Todo-Poderoso.

Deus é Todo-poderoso (Mateus 19.26)

Assim, o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus; todavia, não são três Deuses, mas um único Deus.

Quem morreu na cruz por nós? Jesus!

Podemos dizer que Deus morreu na cruz por nós? Sim, porque Jesus é Deus.

Deste modo o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, o Espírito San­to é Senhor; entretanto, não são três Senhores, mas um único Senhor.

Visto que, segundo a verdade cristã, nos importa confes­sar cada pessoa por sua vez como sendo Deus e Senhor, é-nos proi­bido pela fé cristã dizer que há três Deuses e três Senhores.

Esse ensino e confissão vêm ao encontro do 1º Mandamento da Lei: Não se ajoelhe diante de ídolos, nem os adore, pois eu, o SENHOR, sou o seu Deus e não tolero outros deuses. (Êxodo 20.5a)

O Pai por ninguém foi feito, nem criado, nem gerado.

No princípio Deus já existia (Gênesis 1.1)

O Filho provém apenas do Pai, não foi feito, nem criado, mas gerado.

João 3.16; Gálatas 4.4

O Espírito Santo não foi feito, nem criado, nem gerado pelo Pai e pelo Filho, mas deles procede.

João 15.26

Logo, é um único Pai, não são três Pais; um único Filho, não três Filhos; um único Espírito Santo, não três Espíritos Santos.

E nesta Trindade nenhuma pessoa é anterior ou posterior, nenhuma maior ou menor; mas todas as três pessoas são coeternas e iguais entre si; de modo que, como foi dito, em tudo seja honrada a Trindade na Unidade e a Unidade na Trindade.

Portanto, quem quiser ser salvo, deverá pensar assim da Trindade.

Aqui devemos considerar que o Deus Triúno existe desde o princípio (Gn 1.1-3) e são iguais em tempo, santidade, poder, etc. Mas em determinado momento, o Deus Filho foi enviado e tornou-se ser humano para cumprir a obra da salvação em favor da humanidade, sendo Servo (Isaías 42; 52.13-15) e “menor” do que Deus quanto à sua humanidade enquanto esteve na terra (João 14.28), e ao subir ao céu, enviou da parte do Pai, o Espírito Santo como havia prometido (João 14,15,16).

Entretanto, é necessário para a salvação eterna crer também fielmente na humanação de nosso Senhor Jesus Cristo.

Esta é, portanto, a fé verdadeira: crermos e confessarmos que nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, é Deus e Homem.

Jesus tem natureza divina: Mateus 28.18-20; João 10.30; Romanos 9.5; Colossenses 2.9; 1João 5.20

Jesus tem natureza humana: Mateus 4.2; Marcos 4.38; Lucas 24.39; João 11.35

Se Cristo não tivesse sido verdadeiro homem, ele não poderia assumir o lugar dos seres humanos para cumprir a Lei, sofrer e morrer em seu lugar. Por outro lado, se Cristo não fosse verdadeiro Deus, ele não poderia vencer o diabo, o pecado e a morte, pois seria também pecador como nós e portanto, sua obra de salvação seria imperfeita e assim inútil.

É Deus da substância do Pai, gerado antes dos tempos, e Ho­mem da substância de sua mãe, nascido no tempo; Deus perfeito e Homem perfeito, subsistindo em alma racio­nal e carne humana.

Igual ao Pai segundo a divindade e menor do que o Pai se­gundo a sua humanidade.

Humilhação e Exaltação: Filipenses 2.6-11; João 14.28, João 10.30

Ainda que é Deus e Homem, nem por isso são dois, mas um único Cristo, um só, não pela transformação da divindade em humanida­de, mas mediante a recepção da humanidade na divindade.

Deus Filho se tornou humano, tomou a natureza humana, porém sem pecado (Hebreus 4.15)

É de fato, um só, não pela fusão das duas substâncias, mas por unidade de pessoa.

Pois, assim como corpo e alma racional constituem um único homem, Deus e Homem é um único Cristo, o qual padeceu pela nossa salvação, desceu ao inferno, no terceiro dia ressuscitou dos mortos.

Jesus desceu ao inferno (1Pedro 3.19)

Subiu ao céu, está sentado à direita de Deus Pai todo-­poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.

Jesus subiu, mas voltará para o julgamento final (Atos 1.11; Mateus 24.31-46; 1Pedro 4.5)

E quando vier, todos os homens hão de ressuscitar com os seus corpos e dar contas de seus próprios atos, e aqueles que fizeram o bem irão para a vida eterna, mas aqueles que fizeram o mal, para o fogo eterno.

João 5.24-29

Esta é a verdadeira fé cristã. Aquele que não crer com fir­meza e fidelidade, não poderá ser salvo.

Crer não significa entender ou explicar, mas é ter fé. Fé é a certeza de que vamos receber as coisas que esperamos e a prova de que existem coisas que não podemos ver. (Hebreus 11.1)

A doutrina da Santíssima Trindade está acima da razão, por isso, nos submetemos à sabedoria divina revelada nas Escrituras e assim cremos, como Deus falou.

Jesus disse: …quem ficar firme até o fim será salvo. (Mateus 24.13)