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estudos

09/03/2020

O Evangelho e o evangelista Mateus

Durante o ano de 2020 teremos 4 oportunidades para conversar sobre os evangelistas Mateus, Marcos, Lucas e João. A idéia é seguir o roteiro do ano passado quando estudamos o perfil de alguns personagens bíblicos, porém voltando-nos agora para o Novo Testamento. Já posso adiantar pra vocês que o interesse dos evangelhos não é falar sobre os evangelistas, por isso, vamos cavar informações coerentes que nos ajudem a entender a razão de ter 4 evangelhos escritos por pessoas diferentes, tendo o mesmo autor: Deus, o Senhor.

 

 

Primeiramente, vamos entender o que significa a palavra Evangelho. É a tradução da palavra grega “boa notícia” ou “boa nova” que indica a vinda do Messias Prometido desde os tempos antigos para trazer salvação. Os 3 evangelhos – Mateus, Marcos e Lucas, são conhecidos como “sinóticos”, palavra que quer dizer “do mesmo ponto de vista”. Ou seja, são 3 documentos que falam a respeito da vida de Jesus Cristo e como cumpriu a obra da salvação da humanidade. É um pouco diferente do relato encontrado em João que traz Jesus já adulto.

Os evangelistas não são fotógrafos, mas como “artistas”. Eles andaram com Jesus e testemunharam tudo pessoalmente, mas nem tudo é relatado perfeitamente igual por eles. Há relatos trazidos apenas por 1 dos evangelistas e até os mesmos relatos que foram contados com detalhes diferentes. Por isso, o termo “artistas”, pois olham para a mesma direção e pintam ou escrevem a obra conforme a sua percepção dos fatos. No entanto, todos formam uma unidade sem discordâncias, pois sabemos que a inspiração para a escrita desses 4 Evangelhos foi do Espírito Santo e não simplesmente humana.

 

 

O Evangelho de Marcos parece ter sido o mais antigo, escrito por volta do ano 65 d.C. e por isso, deve ter servido de fonte para os evangelhos de Mateus e Lucas que devem ter sido escritos entre os anos 70 e 80 d.C. e o Evangelho de João, na década dos anos 90 a 100 d.C. Pra quem gosta de números e estatísticas: Dos 661 versículos de Marcos, somente 31 não aparecem nos Evangelhos de Mateus e Lucas. Dos 1061 versículos de Mateus, uns 500 vêm de Marcos; e dos 1149 versículos de Lucas, uns 336 são de Marcos. Jesus ensinava em aramaico e provavelmente também em hebraico, mas os 4 evangelhos foram escritos na língua grega que era a mais comum do Império Romano da época. O conteúdo escrito é suficiente para que creiamos que Jesus é o Messias, o Filho de Deus e para que, crendo, tenhamos vida por meio dele. (Jo 20.31)

 

 

O evangelista Mateus

Quem foi Mateus? Não há certeza total de que Mateus seja o autor desse evangelho porque ele não tem assinatura ou qualquer menção a respeito. No entanto, há indicações de que o título desse Evangelho que aparece em vários manuscritos muito antigos e uma tradição também muito antiga, referem-se ao Mateus como autor, o mesmo que foi discípulo de Jesus.

 

Mateus (Levi) 
Era cobrador de impostos, ou seja, um oficial do governo que prestava serviços de alfândegário, cobrando taxas/tributos do povo. Quando Jesus o chamou para segui-lo, deixou seu trabalho e foi com Jesus. Logo depois ofereceu um grande banquete aos colegas cobradores de impostos, a fim de apresentar-lhes o Cristo. LER Lc 5.27-29 e Mateus 9.9-13

Todos os 3 Evangelhos Sinóticos trazem suas listas dos apóstolos chamados por Jesus em que relacionam um Mateus (nome que significa Dom de Deus), que era filho de Alfeu, o qual é identificado como o cobrador de impostos em Mt 9.13.

A lógica é que Mateus e Levi sejam a mesma pessoa, mas não se sabe a razão de dois nomes diferentes.

Ser cobrador de impostos na época traz um forte indício de que Mateus era um mestre, fluente tanto em aramaico quanto em grego o que facilitou a tradução e escrita para a época. Se Mateus, por ser cobrador de impostos e considerado um inimigo do povo e, por outro lado, com fluência em línguas, lembramos que Deus não escolhe capacitados, mas capacita os escolhidos.

Mateus é considerado um lingüista de excelência pela forma de escrita, especialmente em se tratando do público na época. Ele escreve pensando nos judeus e nos que estavam se convertendo ao cristianismo. Sem ferir a cultura judaica da época, Mateus escreve buscando atrair a todos, mas sem deixar de advertir seus leitores contra as idéias de líderes que rejeitavam Jesus como Messias.

Não se tem certeza do local da escrita, mas provavelmente Mateus estava na Palestina (Jerônimo associa-o especificamente à região da Judéia). Mas a maioria dos estudiosos opta pela Síria e até mais especificamente a Antioquia porque lá havia uma grande população judaica que procurou alcançar o mundo gentílico/descrente e por isso, aceitava com mais facilidade os ensinos modernos que não feriam as Escrituras Sagradas. (mostrar nos mapas)

Uma característica marcante deste Evangelho é o fato de ter mais citações do Antigo Testamento, são 41 passagens que tratam da promessa do Messias Salvador. Desses, apenas 21 parecem também nos Evangelhos de Marcos e Lucas. Muitas vezes, a citação que Mateus faz do AT começa assim: “Tudo isso aconteceu para se cumprir o que foi dito…” (1.22; 2.15; 2.17-18; 2.23; 4.14-16; 12.17-21; 26.54,56; 27.9-10)

Por escrever primeiramente a judeus, o AT era fundamental para aceitação de Jesus como o Salvador Prometido. E o que chama muito a atenção é de Mateus começar seu evangelho com a genealogia de Jesus que inicia com Abraão – considerado o pai da fé judaica, passando pelo grande rei Davi até chegar em Jesus chamado de Messias.

 

O Evangelho de Mateus

Além de tudo o que foi falado até aqui, vale a pena ressaltar que cada evangelista traz detalhes exclusivos da vida e ensinamentos de Jesus que não se tem nos outros Evangelhos:

  • Genealogia de Jesus (1.1-17)
  • As histórias do nascimento e infância de Jesus (1.18-2.23)
  • Vários acontecimentos que envolvem Pedro (14.28-31; 16.17-19; 17.24-27; 26.52-54)
  • Morte de Judas (27.3-10)

 

Se compararmos a oração do Pai Nosso apresentada por Mateus em 6.9-13 com a apresentada por Lucas em 11.2-4, veremos diferenças no mesmo texto ou situação. O Evangelista Mateus mostra que Jesus tem mais autoridade que Moisés, como vimos há algumas semanas no culto em que lemos Mt 5.17-37 onde Jesus disse não veio para acabar com a lei, mas dar o sentido completo (Mt 5.17). 

O cuidado com os seus leitores era tanto que Mateus usou, na maioria das vezes, a expressão “Reino do Céu” ao invés de “Reino de Deus” usada pelos demais evangelistas. Aliás, Mateus usa a expressão “Reino de Deus” apenas 5 vezes. Isso porque os judeus tinham grande reverência pelo nome de Deus, a ponto de substituir o santo nome de Deus por outras palavras ou expressões. Portanto, “Reino do Céu” seria muito mais aceita por quem recebia seus escritos e ensinos.

A palavra ekklesía (geralmente traduzida por igreja) não é encontrada nos outros Evangelhos, apenas aqui em Mateus 16.18 e duas vezes em 18.17. O ensino trazido para a vida comunitária da Igreja no capítulo 18 é fundamental, além do que é registrado no conhecido Sermão do Monte nos capítulos 5-7.

 

 

Texto do dia: Mateus
4.1-11 Mateus traz alguns relatos que chamam atenção para acontecimentos do AT. Em certo sentido, a tentação de Jesus é uma reencenação das tentações experimentadas no deserto pelo povo de Israel que era o povo ou filho de Deus (Êx 4.22-23). A diferença é de que Jesus, o Filho de Deus, é totalmente vitorioso sobre elas porque é orientado pela Palavra de Deus.

 

Lições que podemos tirar

Além de todo o rico ensino a respeito de Jesus, aprendemos como Mateus reconhece com humildade sua pequenez diante de Jesus, pois era cobrador de impostos. Ao ser chamado, prontamente atendeu, sem resistir. Festejou com Jesus e seus amigos também cobradores de impostos. Com grande cuidado lidou com seu ministério apostólico, zelando pelo ensino de Jesus e os leitores, apontando de forma zelosa que Jesus é o Messias e Salvador da humanidade. Creiamos nisso também!!

 

 

Texto-chave

Portanto, ponham em primeiro lugar na sua vida o Reino de Deus e aquilo que Deus quer, e ele lhes dará todas essas coisas. (Mt 6.33)

 

 

Ponham ou busquem: certeza de que acharemos (Mt 6.7-12).

 

Em primeiro lugar: o que vem primeiro é o mais importante.

 

O Reino de Deus: Ele que é soberano e exerce senhorio sobre todas as coisas, inclusive sobre a nossa vida. É uma compreensão diferente em relação a Jesus como nosso Salvador. Este último compreende o que Jesus nos oferece, o benefício da salvação e tendo-o como Senhor nosso, ressalta o que entregamos a Ele, ou seja, os direitos e a soberania sobre nós. (Curiosidade: a palavra “Salvador” aparece no NT em referência a Jesus 25 vezes, enquanto que a palavra “Senhor” em relação a Jesus aparece mais de 700 vezes).

 

Aquilo que Deus quer: a sua justiça que é caráter de Deus e a conseqüente relação justa que temos em relação às outras pessoas.

 

E ele lhes dará todas essas coisas: todas mesmo!! Isso é promessa de Jesus. A generosidade de Deus é tão grande que transborda a nossa vida e assim nos tornamos generosos com os outros, sendo luz para o mundo para a glória de Deus (Mt 5.16).

 

 

Referências bibliográficas: Bíblia de Estudo Almeida Bíblia de Estudo do Discipulado Introdução ao Novo Testamento – D.A. Carson; Douglas J. Moo; Leon Morris https://teologiadefronteira.wordpress.com/2012/09/18/introducao-ao-evangelho-de-mateuscaracteristicas-gerais/